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REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA www.reumatologia.com.br

Artigo de revisão

Influência do exercício físico na qualidade de vida de mulheres pós-menopáusicas com osteoporose Eduardo Lucia Caputo ∗ e Marcelo Zanusso Costa Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil

informações sobre o artigo

r e s u m o

Histórico do artigo:

O presente estudo teve por objetivo realizar uma revisão sobre a associac¸ão entre exercício

Recebido em 27 de agosto de 2013

físico e qualidade de vida em mulheres pós-menopáusicas com osteoporose. Foi realizada

Aceito em 18 de fevereiro de 2014

busca nas bases de dados PubMed, Scielo, SpringerLink e Sport Discus a fim de identificar

On-line em 28 de setembro de 2014

artigos relevantes que tratassem dessa associac¸ão. Utilizaram-se os seguintes descritores,

Palavras-chave:

quality of life/osteoporose, exercício físico, menopausa, mulheres, atividade física, qualidade

em língua inglesa e portuguesa: osteoporosis, exercise, menopause, women, physical activity, Osteoporose

de vida. Com relac¸ão à qualidade de vida e aspectos físicos como forc¸a e equilíbrio, com

Qualidade de vida

excec¸ão de dois estudos encontrados, os demais relataram melhoria na qualidade de vida e

Exercício físico

nos indicadores físicos das participantes. A intervenc¸ão com exercício físico demonstrou ser fundamental para o aprimoramento da qualidade de vida de mulheres na pós-menopausa que sofrem de osteoporose. Atividades que têm por objetivo o aperfeic¸oamento da forc¸a e do equilíbrio são essenciais para evitar a ocorrência de quedas e, consequentemente, reduzir a incidência de fraturas nessa populac¸ão. © 2014 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.

Influence of physical activity on quality of life in postmenopausal women with osteoporosis a b s t r a c t Keywords:

The present study aimed to conduct a review on the association between exercise and

Osteoporosis

quality of life in postmenopausal women with osteoporosis. A search was performed

Quality of life

in PubMed, SciELO, SpringerLink and Sport Discus databases to identify relevant arti-

Physical activity

cles that addressed this association. We used the following descriptors in the English and Portuguese languages: osteoporosis, exercise, menopause, women, physical activity, quality of life/osteoporose, exercício físico, menopausa, mulheres, atividade física, qualidade de vida. Regarding quality of life and physical aspects like muscle strength and balance,



Autor para correspondência. E-mails: [email protected], [email protected] (E.L. Caputo). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2014.02.008 0482-5004/© 2014 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.

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with the exception of two studies, all others have reported improvement in quality of life and in physical domain of participants. Intervention with exercise has proved essential to improving the quality of life of women with postmenopausal osteoporosis. Activities that aim at the improvement of muscle strength and balance are essential to prevent falls, and consequently to reduce the incidence of fractures in this population. © 2014 Elsevier Editora Ltda. All rights reserved.

Introduc¸ão

Metodologia

A osteoporose é uma doenc¸a sistêmica que ataca o esqueleto e é caracterizada pela reduc¸ão da densidade óssea e pela deteriorac¸ão da arquitetura do tecido ósseo.1 Essa doenc¸a tem maior ocorrência na populac¸ão feminina, em func¸ão desta apresentar um menor pico de massa óssea e também das consequências provenientes da menopausa.2 A menopausa representa um período de transformac¸ão na vida da mulher, no qual ela se confronta com problemas médicos e psicológicos. Além dos fogachos, dores de cabec¸a, sudorese, fadiga, a disfunc¸ão sexual e a reduc¸ão de estrogênio podem causar uma perda massiva e acelerada de massa óssea.3 Instalada a menopausa, a prevalência de osteoporose e fraturas relacionadas aumenta conforme o tempo desse distúrbio hormonal e com a idade da mulher.4 Nessa populac¸ão a prevalência de osteoporose na coluna lombar varia de 15,8% em mulheres na faixa de 50 a 59 anos a 54,5% em mulheres com mais de 80 anos, e a prevalência de fraturas varia entre 20% e 82%, nas mesmas faixas etárias, respectivamente.5 Segundo a Sociedade Americana de Menopausa, o principal objetivo clínico na conduc¸ão da osteoporose é a reduc¸ão do risco de fratura.6 A dor resultante dessa mudanc¸a na imagem corporal, juntamente com a perda de mobilidade e independência podem ter um impacto forte na autoestima e no humor, tornando a prevenc¸ão de quedas o ponto principal na prevenc¸ão de fraturas. Mulheres que se encontram em período pós-menopáusico e que possuem osteoporose apresentam prevalência de queda de 51,1% contra 29,3% de mulheres sem osteoporose.7 O aumento da expectativa de vida da populac¸ão e os custos gerados pelas fraturas, principalmente de quadril, determinam a importância de se estudar essa doenc¸a, visto que fraturas de quadril são as que atribuem maior morbidade e mortalidade.8 O exercício físico tem papel fundamental no tratamento da osteoporose, principalmente pela reduc¸ão da reabsorc¸ão óssea.9 Aumento de forc¸a muscular, estabilidade, equilíbrio, mobilidade, melhora da qualidade de vida, reduc¸ão da dor e prevenc¸ão de quedas completam os benefícios gerados pela prática sistemática de exercício físico em pacientes com osteoporose.10 O presente estudo teve por objetivo realizar uma revisão sobre a associac¸ão entre exercício físico e a qualidade de vida, nos campos psicológico e físico, de mulheres portadoras de osteoporose que se encontram na fase de pós-menopausa.

Na revisão sistemática foram selecionados artigos científicos que verificaram a influência de um programa estruturado de exercício físico na qualidade de vida de mulheres pós-menopáusicas com osteoporose. Teses e dissertac¸ões não foram incluídas devido à inviabilidade logística de uma busca sistemática por meio dessas. As referências que preencheram os critérios de inclusão foram avaliadas, independentemente do periódico. A selec¸ão dos descritores utilizados ao longo do processo de revisão foi realizada conforme consulta ao Medical Subject Headings (MeSH). Foi realizada pesquisa nas bases de dados PubMed, Scielo, SpringerLink e Sport Discus e nas listas de referências dos artigos identificados. Utilizaram-se os seguintes descritores, em língua inglesa e portuguesa: osteoporosis, exercise, menopause, women, physical activity, quality of life. A fim de combinar os descritores e termos utilizados na busca, recorreu-se aos operadores lógicos “AND” e “OR”. Primeiramente foram encontrados 135 artigos que apresentavam relac¸ão com o tema de estudo. Logo após, foram selecionados artigos que atendessem aos seguintes critérios de inclusão: a) estudos longitudinais, que tinham por amostra mulheres com osteoporose e pós-menopáusicas; e b) que apresentassem diagnóstico clínico de osteoporose, obtido através de exame de densitometria óssea no colo de fêmur ou na coluna lombar, sem histórico de fraturas atraumáticas. Os artigos selecionados foram analisados de acordo com os seguintes critérios estabelecidos por Downs & Black:11 • • • • • • • • •

Hipóteses e objetivos do estudo; Principais desfechos medidos; Características dos sujeitos envolvidos; Descric¸ão das exposic¸ões de interesse e principais desfechos; Citac¸ão da probabilidade real para os principais desfechos; Adequac¸ão dos testes estatísticos adequados; Se as medidas utilizadas para os principais desfechos foram acuradas; Se os pacientes em diferentes grupos foram recrutados na mesma populac¸ão; Se os principais resultados apresentaram poder estatístico (nível de significância de 5%), para detectar um efeito importante.

Após a primeira análise, que consistiu apenas da leitura de títulos, 40 artigos foram eleitos para segunda fase desta revisão, que consistiu da leitura dos resumos. Posteriormente

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Tabela 1 – Lista de artigos incluídos na revisão Primeiro autor

Ano

Periódico

Arnold, CM13 Auad, MA14 Aveiro, MC15 Kronhed, AG18 Devereux, K17 Liu-Ambrose, TYL19 Carter, ND16 Tüzün, S21

2008 2008 2004 2009 2005 2005 2002 2010

Carter, ND12 Aveiro, MC22

2001 2006

Physiotherapy Canada Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde Revista Brasileira de Ciência e Movimento Advances in Physiotherapy Australian Journal of Physiotherapy Osteoporos International Canadian Medical Association Journal European Journal of Physical and Rehabilitation Medicine British Journal of Sports Medicine Revista Brasileira de Fisioterapia

à avaliac¸ão dos resumos, os estudos que indicavam o preenchimento dos critérios de inclusão estabelecidos, tiveram seu texto lido na íntegra. Neste momento, a revisão foi realizada de forma independente por dois pesquisadores. Por fim, 10 artigos foram incluídos na presente revisão.

Resultados A tabela 1 apresenta os artigos que foram incluídos na presente revisão. Dentre os critérios estabelecidos para a análise, a clareza na descric¸ão dos objetivos ficou comprometida apenas no estudo de Carter et al.12 Com relac¸ão aos desfechos estudados, a qualidade de vida foi mensurada por todos os estudos incluídos.12–21 Os outros desfechos estudados foram: equilíbrio,12,13,15–17,21–23 torque muscular,15 forc¸a de membro inferior,12,16,22 velocidade de caminhada,22 medo de quedas,17 frequência de queda,23 func¸ão respiratória, postura e capacidade de exercício submáximo.20 As características dos indivíduos foram apresentadas através de tabelas descritivas em oito estudos.12,13,16,19–23 Os estudos de Auad et al.,14 Aveiro et al.,15 e Devereux et al.17 apresentam essa informac¸ão ao longo do texto, na sessão de resultados, e tendo apenas a idade dos participantes como variável descritiva. A maioria dos autores mensurou qualidade de vida medida através de questionários específicos para essa variável,12–21 entretanto, apenas dois o fizeram utilizando variáveis como: dor e número de quedas.18,23 Dos estudos analisados, apenas o de Carter et al.16 incluiu na selec¸ão e na análise dos dados fatores de confusão. Foram eles: altura, peso, mudanc¸a de peso ao longo do estudo, anos de uso de estrogênio, número de medicamentos utilizados, fumo, atividade física, idade, estado mental, escore de qualidade de vida, número de fraturas ao longo da vida, quedas no último ano e presenc¸a de osteoartrite ou artrite reumatoide. Apenas um estudo cita efeitos adversos da intervenc¸ão às participantes.19 Devido a uma questão ética e de dificuldade metodológica, quatro estudos relatam tentativa de cegamento dos sujeitos,12,16,19,23 e três estudos não realizaram randomizac¸ão.15,20,22 A tabela 2 apresenta os resultados dos estudos que realizaram avaliac¸ão de qualidade de vida em mulheres com osteoporose. Apenas o estudo de Carter et al.16 não encontrou efeitos benéficos da intervenc¸ão com exercício físico na qualidade de vida das mulheres avaliadas. Os demais

Aspectos estudados Qualidade de vida e equilíbrio Qualidade de vida. Qualidade de vida, torque e equilíbrio. Qualidade de vida, equilíbrio e forc¸a. Qualidade de vida e equilíbrio. Qualidade de vida. Qualidade de vida, equilíbrio e forc¸a. Qualidade de vida e equilíbrio. Qualidade de vida, equilíbrio e forc¸a. Qualidade de vida, torque e equilíbrio.

estudos encontrados demonstram impacto positivo desse tipo de intervenc¸ão na qualidade de vida das mulheres participantes. De forma geral, a intervenc¸ão com exercício físico teve influência positiva nos seguintes aspectos: saúde geral, interac¸ão, taxa de mudanc¸a global, imagem corporal, atividades da vida diária, vitalidade, func¸ão social e saúde mental. Forc¸a e equilíbrio foram as capacidades físicas mais avaliadas. Ao analisar a tabela 3, é possível verificar que o exercício físico atua de maneira importante no aprimoramento dessas capacidades, pois componentes essenciais para a prevenc¸ão de quedas. Dois estudos não apresentaram aumento nessas capacidades em relac¸ão ao grupo que praticou exercício.

Discussão A osteoporose afeta de forma negativa a qualidade de vida da paciente, limitando a realizac¸ão de suas atividades da vida diária (AVDs). A dor crônica gerada por ela pode levar à depressão, à ansiedade, à frustrac¸ão e ao isolamento social.24 O exercício físico se torna então, intervenc¸ão fundamental aumentando a confianc¸a para a realizac¸ão das tarefas de forma independente.14 A prática regular de exercícios físicos em mulheres com osteoporose tem como efeitos positivos, além da reduc¸ão da perda óssea, o aprimoramento da saúde geral, da socializac¸ão, da autoestima, do humor, da consciência corporal; e a reduc¸ão da depressão, da ansiedade e do medo de quedas.13,17 O conhecimento da família sobre a doenc¸a também é de fundamental importância, pois gera maior apoio familiar para os cuidados com a doenc¸a por parte da paciente.15 No estudo de Liu-Ambrose et al.,19 os autores relatam que exercícios realizados em duplas aumentaram a interac¸ão social entre as participantes. Esse efeito, especialmente entre indivíduos de idade avanc¸ada e status de saúde similares, está relacionado ao fato de que exercícios praticados em grupo proporcionam às participantes trocas de experiências de vida, novos lac¸os de amizade e aumento na sensac¸ão de bem-estar, que influenciam de forma positiva em sua permanência no programa.18 A ocorrência de fraturas tem um efeito mais forte na reduc¸ão da qualidade de vida, do que apenas a doenc¸a em si.22,25 Fratura de quadril, por exemplo, gera uma reduc¸ão significativa na qualidade de vida do indivíduo acometido em um período de 12 a 15 semanas, após a fratura.26 Mulheres com osteoporose e na pós-menopausa, que não apresentam

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Tabela 2 – Resultados dos estudos que avaliaram a qualidade de vida de mulheres com osteoporose Autor

Instrumento utilizado

Protocolo exercício

Arnold et al. 200813

OQLQ - Osteoporosis Quality of Life Questionnaire

Três grupos divididos em: grupo que realizou exercícios na água, grupo que realizou exercícios fora da água e um grupo controle. Os dois primeiros realizaram três sessões semanais, com durac¸ão de 50 minutos, por 20 semanas.

Auad et al. 200814

OPAQ - Osteoporosis Assessment Questionnaire

Dois grupos, controle e exercício. O último realizou um programa de exercício físico, numa frequência de duas vezes por semana, tendo durac¸ão de uma hora cada sessão, num período de oito meses.

Aveiro et al. 200415

OPAQ - Osteoporosis Assessment Questionnaire

Apenas um grupo. O programa de exercício físico consistia de três sessões semanais, cada sessão tendo durac¸ão de uma hora, durante 12 semanas.

Kronhed et al. 200918

SF-36 e Qualeffo-41 (questionário de qualidade de vida da Fundac¸ão europeia de Osteoporose)

Dois grupos, controle e exercício. O programa de exercício físico consistia de duas sessões semanais, cada sessão tendo durac¸ão de uma hora, durante quatro meses.

Devereux et al. 200517

SF-36

Liu-Ambrose et al. 200519

Qualeffo e ODQ Oswestry Low Back Pain Disability Questionnaire

Dois grupos, controle e exercício. O programa de exercício físico teve durac¸ão de 10 semanas, cada sessão tendo durac¸ão de 50 minutos. Número de sessões semanais não foi informado. Participantes foram divididos em três grupos: resistência, agilidade e alongamento (controle). O programa de exercício físico consistia de duas sessões semanais, cada sessão tendo durac¸ão de 50 min, durante 25 semanas.

Carter et al. 200216

Qualeffo

Tüzün et al. 201021

Qualeffo

Dois grupos, controle e exercício. O programa de exercício físico consistia de duas sessões semanais, cada sessão tendo durac¸ão de 40 min, durante 20 semanas. Dois grupos, um com intervenc¸ão através de Yoga, e outro com exercícios inespecíficos. Em ambos os grupos o programa consistia de duas sessões semanais, cada sessão tendo durac¸ão de uma hora, durante 12 semanas.

complicac¸ões geradas pela doenc¸a e que são ativas fisicamente, apresentam qualidade de vida semelhante a mulheres pós-menopáusicas sem osteoporose.27,28 Apenas os estudos de Carter et al.12 e Kronhed et al.18 não relataram melhora significativa nos componentes físicos de mulheres com osteoporose após a intervenc¸ão, tanto quando comparadas a um grupo controle, quanto quando comparadas aos valores de linha base. Apesar de não indicar mudanc¸as significativas no equilíbrio e na forc¸a de extensão de joelho, em 10 semanas de treinamento, Carter et al.12

Resultado Indivíduos do grupo que realizou exercício em terra apresentaram escore total melhor no OQLQ quando comparado ao grupo que fez exercícios na água. Entretanto, a taxa de mudanc¸a global reportada pelos indivíduos do grupo que se exercitou na água foi três vezes maior quando comparado ao grupo que se exercitou fora dela. O grupo exercitado apresentou melhora com relac¸ão nos domínios saúde geral, aspectos físicos e psicológicos, interac¸ão social, sintomas, trabalho e imagem corporal quando comparados ao grupo controle e aos valores pré intervenc¸ão. Após a intervenc¸ão os indivíduos apresentaram reduc¸ão do nível de dor, de tensão, melhora nas atividades da vida diária e apoio familiar. O grupo exercitado apresentou melhora nos domínios func¸ão física, dor corporal, saúde geral, vitalidade, func¸ão social e saúde mental, do SF-36, após os quatro meses. Com relac¸ão aos domínios do Qualeffo-41, não houve diferenc¸a entre os grupos. O grupo que recebeu intervenc¸ão apresentou melhora nos domínios func¸ão física, vitalidade, func¸ão social e saúde mental. Não houve diferenc¸a nos escores entre os grupos após a intervenc¸ão, com relac¸ão ao ODQ. O grupo que fez exercícios de resistência apresentou melhora nos domínios dor e atividade de trabalho e social; o grupo que fez exercícios de agilidade apresentou melhora no domínio de func¸ão física, quando avaliados pelo Qualeffo. Não foi encontrada diferenc¸a entre os grupos com relac¸ão à qualidade de vida, tanto na linha base, quanto após o período de intervenc¸ão. Ambos os grupos apresentaram melhora no escore geral, quando comparado com os valores de linha base. Não houve diferenc¸a quando comparados os valores pós-treinamento dos dois grupos.

colocam que as participantes do grupo exercitado apresentaram um aumento na forc¸a de extensão de joelho, que, apesar de não possuir significância estatística, tem importante significado biológico. Entretanto, o estudo de Carter et al.16 manteve o grupo intervenc¸ão por um período de 20 semanas e encontrou aumentos significativos no equilíbrio dinâmico e na forc¸a de extensão de joelho com relac¸ão ao controle, 4,9% e 12,8%, respectivamente. Um programa de treinamento objetivando o aumento da forc¸a muscular, principalmente de membros inferiores, é

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Tabela 3 – Resultados dos estudos que avaliaram componentes físicos e funcionais de mulheres portadoras de osteoporose Autor

Componentes avaliados

Protocolo de exercícios

Resultados

Carter et al. 200112

Equilíbrio estático e dinâmico, e forc¸a de extensão do joelho.

Dois grupos, controle e exercício. O programa de exercício físico consistia de duas sessões semanais, cada sessão tendo durac¸ão de 40 min, durante 10 semanas.

Carter et al. 200216

Equilíbrio estático e dinâmico, e forc¸a de extensão do joelho.

Dois grupos, controle e exercício. O programa de exercício físico consistia de duas sessões semanais, cada sessão tendo durac¸ão de 40 min, durante 20 semanas.

Arnold et al. 200813

Equilíbrio estático e dinâmico.

Três grupos divididos em: grupo que realizou exercícios na água, grupo que realizou exercícios fora da água e um grupo controle. Os dois primeiros realizaram três sessões semanais, com durac¸ão de 50 minutos, por 20 semanas.

Aveiro et al. 200415

Torque do músculo quadríceps e equilíbrio.

O programa de atividade física consistia de três sessões semanais, cada com 1 hora durac¸ão durante 12 semanas.

O grupo que recebeu intervenc¸ão não apresentou diferenc¸as significativas, quando comparado ao grupo controle, com relac¸ão ao equilíbrio e forc¸a de extensão de joelho após as 10 semanas de treinamento. O grupo que recebeu intervenc¸ão apresentou uma melhora no equilíbrio dinâmico (4,9%) e na forc¸a de extensão de joelho (12,8%) após as 20 semanas de treinamento, quando comparado ao grupo controle. Indivíduos que praticaram exercício na água apresentarem melhora no equilíbrio dinâmico quando comparados com aqueles que fizeram exercício fora dela, entretanto não houve diferenc¸a quando os grupos de intervenc¸ão foram comparados com o grupo controle. Após o período de intervenc¸ão, o grupo apresentou um aumento de no torque muscular e uma melhora no equilíbrio.

Aveiro et al. 200622

Torque dos flexores e dorsiflexores planteres, equilíbrio e velocidade de marcha. Equilíbrio dinâmico.

O programa de atividade física teve durac¸ão total de 12 semanas, e consistiu de três sessões semanais. O tempo de cada sessão não foi relatado.

Após o período de intervenc¸ão, o grupo apresentou um aumento de no torque muscular e uma melhora no equilíbrio e na velocidade de marcha.

Dois grupos, controle e exercício. O programa de exercício físico teve durac¸ão de 10 semanas, cada sessão tendo durac¸ão de 50 minutos. Número de sessões semanais não foi informado. Dois grupos, controle e exercício. O programa de exercício físico consistia de duas sessões semanais, cada sessão tendo durac¸ão de uma hora, durante quatro meses.

O grupo que recebeu intervenc¸ão apresentou melhora no equilíbrio dinâmico.

Devereux et al. 200517

Kronhed et al. 200918

Equilíbrio e forc¸a de preensão manual.

Tüzün et al. 201021

Equilíbrio.

Dois grupos, um com intervenc¸ão através de Yoga, e outro com exercícios inespecíficos. Em ambos os grupos o programa constistia de duas sessões semanais, cada sessão tendo durac¸ão de uma hora, durante 12 semanas.

necessário para prevenir a ocorrência de quedas e fraturas nessa populac¸ão. A reduc¸ão do equilíbrio aumenta o risco e o medo de quedas.15 A mobilidade torna o indivíduo mais independente, reduzindo a probabilidade de institucionalizac¸ão.23 Indivíduos frágeis, que apresentam equilíbrio e movimentos prejudicados, podem buscar os mesmos benefícios da prática de exercício convencional, ao se exercitarem na água.10 O ambiente aquático, além da estabilidade e coordenac¸ão, estimula os sistemas visual, vestibular e perceptivo. A flutuabilidade reduz o estresse nas articulac¸ões e nos músculos, em func¸ão do impacto reduzido, e melhora a amplitude de

O grupo que recebeu intervenc¸ão não apresentou diferenc¸as nos testes de equilíbrio e na forc¸a de preensão manual quando comparado ao controle. Após o período de intervenc¸ão o grupo exercitado não apresentou diferenc¸a nos testes de equilíbrio e forc¸a de preensão manual quando comparado com os valores da linha base. Apenas o grupo de Yoga apresentou melhora significativa no equilíbrio, quando comparado aos valores de linha base. Não houve diferenc¸a quando comparados os valores pós-treinamento dos dois grupos.

movimento do indivíduo.17 Segundo Arnold et al.,13 exercícios realizados na água podem ser mais eficazes, mesmo com o fato de exercícios realizados fora da água terem uma aplicabilidade e uma especificidade maior com relac¸ão a tarefas funcionais. A utilizac¸ão de questionários para avaliac¸ão da qualidade de vida ocorre em virtude de seu baixo custo e de sua fácil aplicabilidade. No caso da populac¸ão em questão, existem instrumentos específicos para verificac¸ão dessa variável, como Qualeffo, OQLQ - Osteoporosis Quality of Life Questionnaire e OPAQ - Osteoporosis Assessment Questionnaire. O uso de instrumentos genéricos, como o SF-36, dificulta a interpretac¸ão dos

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dados, visto que este instrumento tem utilizac¸ão preconizada em indivíduos saudáveis, apesar da correlac¸ão existente entre este e questionários específicos.26,29 É importante que o instrumento a ser utilizado seja específico para a populac¸ão que está sendo estudada, em func¸ão da fidedignidade dos dados.30 Nenhum dos estudos analisados verificou peso corporal, altura, prevalência de ingestão de álcool e fumo. Sabe-se que tais variáveis são indicadoras de risco de quedas e fraturas na populac¸ão em questão,31,32 e variac¸ões no peso corporal ou mudanc¸a nas variáveis comportamentais podem indicar efeito do programa de intervenc¸ão. Sugere-se que futuramente pesquisas deem enfoque, além da questão da qualidade de vida e aspectos físicos, às variáveis antropométricas e comportamentais. Com base nos artigos encontrados é possível concluir que a intervenc¸ão com exercícios físicos é ponto importante para aprimorar a qualidade de vida de mulheres na pós-menopausa que sofrem de osteoporose. Da mesma forma, atividades que visem trabalhar a forc¸a e o equilíbrio são fundamentais para evitar a ocorrência de quedas, e consequentemente reduzir a incidência de fraturas nessa populac¸ão.

Conflitos de interesse

12.

13.

14.

15.

16.

17.

Os autores declaram não haver conflitos de interesse. 18.

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[Influence of physical activity on quality of life in postmenopausal women with osteoporosis].

The present study aimed to conduct a review on the association between exercise and quality of life in postmenopausal women with osteoporosis. A searc...
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